TIC-TAC

Um sabor vagueia no ar ?
Um cheiro a desejo e a paixão dança.
Sorrisos e mensagens cantam de boca em boca.
Estalam mexericos e boatos
Uns serão verdadeiros? Mas outros mentirosos!
Faz-se uma suma!

Tudo se entrelaça em nós.


Foi feito um bocado à pressão.
..

palmas em silêncio


Um pingo de coragem caíra das suas mãos cansadas. Uma força escondida fora cuspida pelo desejo de revolta e saber.
Uma lágrima cai e vai escorregando lentamente até ao queixo. O seu sal limpa-lhe os poros de sensatez e prestígio, enquanto o tacto limpa-as, destruindo-as com os dedos compridos.
As gotículas vão-se evaporando...
Um olhar ali perto, observa tudo bem atento enquanto bate palmas em silencio.



(André, recordo-te com um sorriso e muita, muita saudade)

o primeiro!

André,
Longos foram os tempos que nos conhecemos, não me recordo bem ao certo à quanto tempo, mas já foi pelo menos à um ano e qualquer coisa.
Recordo-me das nossas conversas e de todo o tipo de assuntos que abordávamos sem ter medo de dizer a nossa opinião...
Eras tão importante para mim! Às vezes estava mais triste e lembrava-me de ti, de como era bom ouvir (ler) o que me dizias, dava-me tanta força...mas, infelizmente, tinha perdido o teu número... Agora, quando voltámos a ter uma conversa bastante longa e decidida não soube que era a última vez que ia falar contigo...
Soube hoje, dia 17 de Abril, que tu, no dia 14 tinhas falecido à tarde.
Quando me contaram...não sei nem o que fiz, nem o que pensei...apenas se corroeu uma enorme vontade de gritar e implorar que nada daquilo era verdade.
Só aprendi a chorar durante um numero infinito de tempo e a tentar convencer-me para deixar de pensar que não passava de uma mentira.
A verdade, é que viver sem a tua presença é ainda mais difícil do que entende-la.
Estejas onde estejas, desculpa por tudo de alguma coisa que te fiz sofrer e, acredita, ADORO-TE.

(tempo de pausa)
Sabes que mais? Estás sempre aqui. Não te posso dizer adeus de uma forma fria e triste porque, de facto, não o merecias.
Quero ver isto como o começo de uma nova era...ou será o fim? Não interessa.
Não te deixei de sentir, muito pelo contrário.Cada vez sinto mais a tua falta...
Não consigo apagar o teu número de telemóvel! Faz-me tão mal. Choro tanto cada vez que o vejo e que me lembro. Cada música triste e cada palavra vão dar ao teu mundo e á minha saudade...
Afinal, onde andas tu ?

icognitas


Sem roupa. Arrepio-me constantemente, mas não me incomoda. Estou confusa, mas nem o sinto. A roupa levou-me os sentidos e não fui capaz de o impedir. Contudo apercebi-me que algo que acabou de tocar. Senti um vulto trespassar-me num segundo. O medo apoderou-se de todos os meus movimentos. Olhava em meu redor à procura nem sei eu bem de que. Nada vi. Sentia aquele quarto misterioso e muito profundo.
Reparava nas persianas abertas e da luz exausta, enquanto um cheiro lastimável comia aquele lugar. As minhas mãos tremiam e os meus lábios gelavam enquanto todo o resto do meu corpo era paralisado por um medo invisível. Afinal, ainda era capaz de sentir, ou será que aquele medo não...
Existia?



sentidos

Esse cheiro? Agrada-me! Deixa-me de olhos fechados e de ar nos pulmões. Põe-me a milhas a senti-lo, a tocar-lhe...espalha-se o teu perfume por onde vagueias e murmuras. Deixas-me a morder o lábio inferior e a rasga-lo de paixão. Fico a sentir-te à distância e a respirar o teu sabor , através de aromas raros e de sentidos apurados.




O teu perfume espalha-se, percorrendo caminhos longínquos até ao profundo do meu coração e da minha aura.

Inspirar-me contigo leva-me a lugares antes visitados e descobertos. A paisagens deslumbrantes, a lugares exóticos e a pensamentos relaxantes.
Fazes-me voar por cima dos sonhos e das vontades, entrando num recheio de felicidade e euforia. Pouco se pode resistir e muito, muito se pode aproveitar.
Levas-me aos mais alto das nuvens e ao mais baixo do mar, levas-me à exaustão e ao mesmo tempo ao desespero.




teias de saudade

Estou caída no chão, perdida. Rodeada de recordações e memórias, coberta de teias de saudade e desilusão.

São fotografias, letras, rascunhos e desabafos. São verdades, torturas, um passado. Calmamente leio e observo tudo pegando-lhes com as minhas mãos consadas. Os nomes que assinam a autoria fazem-me voltar ao que já aconteceu. Nomes, no final o apelido...fazem-me pensar, recordar e, por vezes, ansiar por eles.
Os meus olhos mal vêm, molhados em lágrimas de sal e sofrimento. Devagar, olham para as cores desfocadas, limpando-as com um sopro rápido e pouco ruidoso.
Com o corpo e a mente submerso nas imagens e nas letras, sinto uma corrente de ar muito silenciosa e arrepiante tocarem-me os lábios. Sossegada, virei-me para trás e vi-o. Não sabia como tinha ele entrado, mas, também, não lhe perguntei.
Ele, deixou-se cair sobre os joelhos, e com as mãos cremes levantou-me o queixo. Com o impulso da força dele para cima, fui obrigada a levantar a cara. Vinha um brilho descomunal da face dele. Eram os olhos dele ! Mostravam-me um novo caminho e, sobretudo um brilho carinhoso, verdadeiro e forte.
Tirou-me o cabelo da cara e apanhou-o com um elástico azul atrás. Senti-me mais fresca e, especialmente, mais protegida.
Depois, afastou todas as recordações do meu colo para debaixo da cama. de seguida, levantou-se, puxou os estores para cima e abriu a janela. O ar que acabara de entrar junto as cortinados de riscas, entrou-me até aos pulmões fazendo-me sentir uma calma tão forte que não sentia à muito, muito tempo. depois, agarrou-me o braço e puxou-me para cima e, eu não ofereci qualquer resistência.
Após me levantar, deixei-me cair num abraço duradouro e necessitado. Ele, passou-me através daquele encosto de corpos, um sorriso grande e luzidio. Deu-me a mão e foi-me acompanhar sentando-me ao fundo da cama. Tirou do bolso das calças uma fotografia. Vi logo através dos gestos dele que a imagem me iria por mais feliz.
A fotografia era colorida e tratava-se de um momento nosso, dos tempos em que sorríamos juntos e que a confiança ainda era a base da nossa grande amizade. Senti saudades, mas agora, pelo bem e, de repente, tive uma enorme vontade de voltar ao passado e viver tudo de novo. Ele sorriu...e, disse-me:
- Velhos tempos...que, podem renascer de novo...
-O tempo pode não o aceitar.-respondi-lhe.
-Basta queremos...Tinhamos uma amizade tão forte...Era um exemplo, um exemplo !
-E voltaremos a tê-la!
Os olhos dele brilhavam mais do que nunca e os meus acompanhavam aquele cintilar.
-Obrigado por me fazeres recordar o que fez falta e...
Ele interrompeu-me.
-Não quero Obrigados, muito menos Perdão. Quero apenas prometer-te que nunca te deixarei cair nem nunca ficarás sozinha.
-Meu porto de abrigo.-disse-lhe orgulhosa.
-Sou o mais seguro e forte que fará com que nada de mal te possa acontecer.
Depois de tudo, levantámo-nos e saímos de casa. Fomos até ao parque verde, onde as flores coloridas e cheirosas, limpam e escondem a tristeza, através de pétalas e terra molhada.


Porto de abrigo...

Artes de beijar

Muitos são os beijos dados sem sentimento, só por «curte» e, poucos são aqueles dados verdadeiramente...afinal existe ou não duas artes de beijar?


A tarde já era antiga. O clima já ia longo e o amor cada vez mais se prolongava. Os poucos pássaros cantavam longas e calmas melodias. Os sussurros nos nossos ouvidos eram pequenas carícias e abstractos de paixão.
Estávamos longe da confusão e do barulho e perto, muito perto de sermos os mais felizes.
O teu cabelo claro invejava-me a cor e os teus olhos eram-me sinais de conforto e, de mais tarde, muita, muita saudade.
Com um ambiente proporcional e com uma ligação tão profunda e poderosa...deu-se um beijo, na dança do amor.
o beijo, carregado dessa culpa, fez com que ficássemos unidos, no centro da paixão da magia do amor e do sorriso.

Quem já amou de verdade, sabe de certeza, o que é isto .
Mar de lágrimas

Oceano de recordações
Ribeiro de saudade
Sinfonia de canções.


Foi um pequeno resumo do texto
(não deixei a poesia definitivamente de lado)

noites que voam

Noite fria, onde os pensamentos voam até à lua. Sonhos, luzes, sons altos e perturbantes. Segredos são escondidos por meio de ameaças e vinganças.
Silêncio nos maiores recantos e nas mais pequenas ruas. Aragem arrepiante e estrelas que iluminam.
Vozes que se escondem ou que se fazem ouvir. Natureza que comuni
ca, manifesta ou dorme. Umas calorosas outras friorentas, umas pendentes, outras sinceras.
Conhecer pessoas, desaparecer outras, são momentos prósperos ao gosto de cada um.
Umas assustadoras, outras mais calmas, noites que se querem, noites que se evitam.


Próximo post (amanha)- Culpa de um beijo

Saí pela porta da entrada e, calmamente, respirei fundo. Depois abri os olhos devagar para que não me assustasse com alguma coisa que estivesse junto a mim. Mas não, tudo estava como dantes, pelo menos no aspecto. A manha ainda era uma criança e não havia ninguém na rua. Desci o único degrau da casa alugada e caminhei por entre as ruas compridas e estreitas. Cheirava ao mar bravo da noite. A espuma ainda estava à beira mar sob a areia molhada. Não passei a estrada, segui pelo lado esquerdo na rua principal junto à praia. Todo aquele exagero de restaurantes ainda estavam fechados e quase que só se ouvia o barulho das gaivotas e do quebrar das ondas. O céu infinito e brilhante enfeitiçava-me com aquela cor azul clara e simples.
Como estava distraída a observar aquilo tudo como pela primeira vez, não me dei conta de que uma Senhora se estava a aproximar de mim. Já era de idade avançada pois já tinha assistido ao decorrer de muitas estações. Trazia um blusa branca e um grande lenço preto na cabeça. A saia, essa, não era só uma, eram varias umas sob as outras. Passou por mim depressa, tão veloz que nem me deu tempo para captar mais algum pormenor.
Passei para o outro lado da rua e caminhei até às rochas. Sentei-me perto da água, mas esta não me tocava, pelo menos, pensava eu.
Imaginei como seria à anos atrás os pescadores a irem para o alto mar à pesca enquanto as suas mulheres ficavam em terra a rezarem para que voltassem vivos e inteiros para casa.
Tocava na areia com a ponta dos dedos e de repente vem uma onda tão forte que me molhou toda. Estava fria, mas como tinha o pensamento longe, não me importei. Tirei a roupa e fui até dentro de água. O primeiro e último mergulho daquele momento limpou-me toda a areia que tinha ficado no meu corpo. A água salgada tinha tido a curiosidade de me ter conseguido acalmar interiormente. A minha vida para trás de tudo tinha-me deixado feridas. Feridas essas que só o tempo curaram. Mas infelizmente, nem todas.
Foi nesse momento que senti que tinha ficado colada àquele sítio, àquela praia e, especialmente àquela maré.
Inspirei fundo, levantei-me e fui sentar-me nas escadas. Tinha a certeza que nunca mais me iria ausentar de um lugar tão mágico e tão profundo.

Miguel Lima @


'' Ontem nasceu a coisa mais perfeita. Sabia perfeitamente que iria chorar quando o visse mas, isso até certo momento não me importou. Cada vez que ia ficando mais perto do quarto onde a minha mãe estava internada com ele, ia ficando mais ansiosa e mais feliz. Tinha tanta, mas tanta curiosidade em vê-lo.
Como ia à frente, tive o grande privilégio de o ver primeiro. Estava deitado no colo da minha mãe. Não me lembro ao certo do que disse, mas acho que os meus olhos falavam pela minha voz. Devo ter pronunciado algo como: ''Oh que coisa tão linda'', ou algo parecido. passado um bocado de tempo de olhar para ele não aguentei. Só de pensar que no inicio de tudo não aceitei bem... A verdade é que naquele momento sentia-me a pessoa mais feliz do mundo. não o digo para embelezar este texto, mas digo de coração, porque ontem aprendi mais uma vez a amar.
Depois, agarrei-o ao colo. Era pequeno, mas já pesado. Mexia-se devagarinho...
Queria dizer tanta coisa, mas a verdade é que tudo aconteceu naturalmente e acima de tudo tenho muito orgulho no meu maninho mais novo, que tem apenas um dia : )

Miguel, com apenas 47 cm, és grande, muito grande .

Foto: é mesmo a mãozinha dele.
Achei por bem não colocar nenhuma de cara.