Destino amargo

Respirei o irrespirável, bebi o que era considerado veneno, gritei quando não tinha mais voz e ouvir o sussurrar do próprio silêncio.

Pior de tudo, foi não estares ao meu lado para me amparares em vertigens e no abismo, no qual se tornou a minha vida.
Um dia cai na tentação de pedir para ser feliz. O vento, discreto e calmo, massajou-me por entre os cabelos até aos meus ouvidos, que a minha prece tinha sido aceite pelo meu destino.
Contudo, nunca me foi perguntado o que é que eu realmente queria. Pensavam que tudo aquilo que decidiam era para o meu bem e que contribuía para a minha felicidade.
Um sorriso meu, embora falso e insignificante, para ele simbolizava tudo: felicidade e especialmente, agradecimento! Vejam so!
Por dentro gritava. Implorava por poder voltar atrás e nunca fazer o tal pedido. Tinha chegado à conclusão que já não mandava no meu próprio futuro, nas minhas decisões, muito menos nos meus sentimentos e vontades. Agora, era controlada por algo considerado arrependimento, e antes, um sonho impossível de concretizar.




Eu não pedi nada disto para mim. Não ansiei a tua chegada nem rezei para ser feliz ao lado de quem não queria. Apenas me tentei habituar ao estranho, à indignação e sobretudo à infelicidade e à injustiça.
E sabes que mais?

Secalhar até valeu a pena.

(...) '' - Eu nunca tive medo de falar, de dizer o que penso! Odeio sonsices e hipocrisias.
-É pena que ainda não reconheças o valor do silêncio, Tiago '' (...)



Ela sentia autocomisera por tudo o que lhe tinha acontecido. Já tinha lamentado às estrelas e hipotecado lugar à calçada. Revelava a quem passava, pedaços do que a atormentava e que por sinal, recebia conselhos daqueles que se disponibilizavam a ouvi-la.
Agradecida, mostrava um sorriso pequeno, pouco sentido, acabando por voltar ao seu estado anterior (e quase habitual).
« '' Vivo numa mágoa jaz sentida, jaz vivida por alguém. Desespero por não sentir culpa! É desejado, não concretizado, impossível... Se me recordo do que me aconteceu, começo-me a corroer e enlouqueço, altero-me e perco-me, uma vez mais, entre garrafas de vinho e em pastilhas milagrosas. »

« Estou presa a putrefactos e coisas dispensáveis, enquanto cresce novamente autocomisera e distância, que constituem um fardo insuportável nos meus ombros.
O tempo veio a meu favor, estou livre se sujidades e más formações.
Agora sim, sou pessoa feliz! »





Errando uma noite


Um segredo correu mistérios nocturnos, respirou suspiros de frio e agasalhou-se entre abraços de namorados; Ele, passava devagar no silêncio da berma da estrada em que olhava velozmente para ambos os lados.
O vento, bramindo, passava por entre os troncos grossos das árvores e das folhas das oliveiras velhas; ouvia-se o uivar dos cães das redondezas em que não acordava ninguém junto àquelas casas, mas assustava de alguma forma; era como se aquelas habitações estivessem vazias, onde apenas os barulhos incógnitos fossem os únicos que perduravam naqueles telhados e nas janelas fechadas e outras com pequenas gretas abertas;
Ouvia-se ao longe murmurares, músicas da festa a vinte minutos de distância...Curioso, o som, lá, perdurava e aqui não, reinava o respirar aflito e controlado, o silêncio corrompido de barulhos das casas e das longas ervas por onde passavam pequenas correntes de ar secretas.
O toque era nulo, transparente já que, as mãos, essas, permaneciam apertadas nos bolsos do casaco branco.
Permanecia ali o segredo, errando por entre brisas que o levavam como uma espiga dançando ao seu sabor frio e misterioso por entre ilusões e pensamentos nocturnos.


O NOSSO SEGREDO ~

As palavras continuam a ser ditas
O coração continua a cita-las
Nem que se o amarrasse com duas ou mais fitas
O meu cérebro continuaria a venera-las.
Escrevem-se entre largas linhas pretas
E entre lágrimas repartidas
Vão-lhe direitas através de setas
As palavras, felizes e muito sofridas.




Através da distância que o lume
Nem ele o poderia quebrar
Porque tudo aquilo que nos une
Não pode de forma alguma acabar.
Se as estrelas e os astros pertencem ao céu
E tudo tem um lugar definido
Guardo o nosso segredo com um véu
Para que nunca seja esquecido.


Finalmente, acabaram os exames :D


Ando à deriva sem vontade
Sou prisioneira do mau ver
A escuridão de cetim é saudade
Só irei mudar se de novo renascer.
Há ausência em extravagância
Existem sentidos em disperso
Ocultam a hegemonia da distância
Como o ressoar de cada verso.
Todos os segredos são mistérios
Todos os tormentos vivem na aleatória
Ressaltam e supõem os critérios
Da reflexão e de esperança da vitória.

Foi um poema que já tinha postado à muito, muito tempo mas, como é um dos meus preferidos, preferi recorda-lo.
Afinal, recordar é viver, certo?

O amigo usado

Passei-o pelos arredores daquilo que chamam os arranha céus. Afasto-me lentamente de todo aquele barulho.
Ao andar, pegadas são marcadas pelo peso que trago nos meus ombros. É um fardo de várias vidas: a Maria que namora com o João, mas gosta do Francisco; A Sara ontem traiu o namorado dela, que, por acaso, é o meu melhor amigo...
Fantástico, partilho com eles as traições e as mentiras àqueles que diziam amar... Penso por eles, desespero mais que eles!
Sou eu o papel amachucado que veio parar à berma da estrada; sou eu o mar revoltado que não se cansa de fazer espuma; sou eu o vento louco e assassino que arranca parte do mundo verdejante; sou eu a cobardia calada, a mentira feita e o amigo usado!

pedir muito (?)

Hoje precisei de ti. Bastava um sorriso que mudaria o que estava a sentir...Ou acabaria com o que me assustava? Não sei... Precisei de ler as palavras que me dizias à uns tempos, o desleixo que eu dava, as ''secas'' que apanhava...o murmurar que dizia baixinho das tuas respostas... Queria viver tudo, agora, de uma forma diferente....Um olhar apreensivo por saber que partirias mais cedo ou mais tarde, mas com um coração aberto a todas as realidades que abordávamos...Uma mente encostada aos teus lábios e aos teus textos...
Queria-te de volta, será pedir muito?