tenho o blogue parado, desculpem. não é por falta de inspiração, mas talvez por não ter necessidade de fazer disto aquilo que alguma vez fiz deste espaço.


a única coisa que actualizo, neste momento: http://www.fotolog.com/catarinass

Geralmente começa-se pelo prólogo, mas iniciando a escrita dizendo o nome dá-me a ideia de estar a narrar uma história; inicar dizendo ''querido André'', cheira-me a um ideal de epístola e de sinais de despedimento. Nao é o caso, não é esse o meu objectivo. Por isso, ponho este dizer na pura obliteração. Não quero fazer disto um alerquim, mas não quero mais cascatas de lágrimas.
Este não é o primeiro sinal escrito de saudade expressado nesta conjuntura de palavras e nesta imensidão de emoções, ao sabor de um aroma de termos sido amicíssimos. Não se perde, acredito. Esta longa caminhada não pode ter sido corrompida pelo teu adeus breve, roubada para o equador ou para a mais longínqua origem do raio de luz que se entranha e ofusca no brilho, frescura e calor de um olhar.
Não foi necessária nenhuma manípula para te colar no interior, nas profundezas de onde renascem constantemente as minhas pulsações e batimentos. Infalivelmente, o respeito constituiu a sobriedade e a confiança das nossas conversações. Pouco a pouco, os desabafos e as descobertas marcaram as temáticas e os conselhos, as opiniões, os sorrisos, fizeram o reflexo de ambos.
Sobremão existia de mim e de ti, tirando uns dias em 365 em que a paciência se esgotara e a tristeza se ocupara do nosso ego, da nossa mente.
Não fui ao recrotério nem assisti ao desespero do funeral, com pena minha, confesso. Sentia-me na obrigação de poclamar a minha presença e doar ou partilhar a dor com quem, como eu, te amam.
Proveniente, a morte chegou a ti, sem avisar. Bateu à tua porta enquanto, à noite, vinhas de mochila às costas e de pensamentos a esvoaçarem ao som do vento e na rapidez na luz de Sintra. Um carro, levou-te à frente, fugindo com a rapidez da cobardia e do putrefacto medo. Passados três dias, informam-me. O meu eu não quer acreditar, prefere que tudo seja uma dissimulação para observar a minha reacção e tirar algumas conclusões. Desejava isso, digo. Mas o pensamento está livremente e felizmente autorizado e o meu pedido está, concretamente, enganado.
O que se criou? Longos rios de lágrimas salgadas quase transparentes...deram para lavar a cara e alma, para preencher todo este corpo numa tristeza colossal.
Sentia-me perdida, confusa mas, estranhamente e com curiosidade, potegida nos teus braços e no centro do teu olhar.
Consegui, com o tempo, encontrar o enforte para me aguentar, e agradeço às bases humanas que me apoiaram em consegui-lo.
Nesta época, actuais dias, recordo-te com um sorriso leve nos lábios e no coração, já que sei, que é dessa mesma forma que te encontras.
O lugar que ocupavas no meu ser, ficou vazio e nunca ninguém o completou. Motivo esse descoberto numa razão simples: tu, afinal, nunca te foras completamente embora; o teu cheio perdura, a tua antiga presença perdura, os sonhos, os gostos...perduras no coração, nas memórias e o orgulho por um dia, ter-mos visto os teus olhos verdes cristalinos de doçura.
ORGULHO. ATÉ JÁ, ANDRÉ.