
Como estava distraída a observar aquilo tudo como pela primeira vez, não me dei conta de que uma Senhora se estava a aproximar de mim. Já era de idade avançada pois já tinha assistido ao decorrer de muitas estações. Trazia um blusa branca e um grande lenço preto na cabeça. A saia, essa, não era só uma, eram varias umas sob as outras. Passou por mim depressa, tão veloz que nem me deu tempo para captar mais algum pormenor.
Passei para o outro lado da rua e caminhei até às rochas. Sentei-me perto da água, mas esta não me tocava, pelo menos, pensava eu.
Imaginei como seria à anos atrás os pescadores a irem para o alto mar à pesca enquanto as suas mulheres ficavam em terra a rezarem para que voltassem vivos e inteiros para casa.
Tocava na areia com a ponta dos dedos e de repente vem uma onda tão forte que me molhou toda. Estava fria, mas como tinha o pensamento longe, não me importei. Tirei a roupa e fui até dentro de água. O primeiro e último mergulho daquele momento limpou-me toda a areia que tinha ficado no meu corpo. A água salgada tinha tido a curiosidade de me ter conseguido acalmar interiormente. A minha vida para trás de tudo tinha-me deixado feridas. Feridas essas que só o tempo curaram. Mas infelizmente, nem todas.
Foi nesse momento que senti que tinha ficado colada àquele sítio, àquela praia e, especialmente àquela maré.
Inspirei fundo, levantei-me e fui sentar-me nas escadas. Tinha a certeza que nunca mais me iria ausentar de um lugar tão mágico e tão profundo.
6 Comments:
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Escreves tão bem *.*
nada disso.
Gostei de ler :)