Saí pela porta da entrada e, calmamente, respirei fundo. Depois abri os olhos devagar para que não me assustasse com alguma coisa que estivesse junto a mim. Mas não, tudo estava como dantes, pelo menos no aspecto. A manha ainda era uma criança e não havia ninguém na rua. Desci o único degrau da casa alugada e caminhei por entre as ruas compridas e estreitas. Cheirava ao mar bravo da noite. A espuma ainda estava à beira mar sob a areia molhada. Não passei a estrada, segui pelo lado esquerdo na rua principal junto à praia. Todo aquele exagero de restaurantes ainda estavam fechados e quase que só se ouvia o barulho das gaivotas e do quebrar das ondas. O céu infinito e brilhante enfeitiçava-me com aquela cor azul clara e simples.
Como estava distraída a observar aquilo tudo como pela primeira vez, não me dei conta de que uma Senhora se estava a aproximar de mim. Já era de idade avançada pois já tinha assistido ao decorrer de muitas estações. Trazia um blusa branca e um grande lenço preto na cabeça. A saia, essa, não era só uma, eram varias umas sob as outras. Passou por mim depressa, tão veloz que nem me deu tempo para captar mais algum pormenor.
Passei para o outro lado da rua e caminhei até às rochas. Sentei-me perto da água, mas esta não me tocava, pelo menos, pensava eu.
Imaginei como seria à anos atrás os pescadores a irem para o alto mar à pesca enquanto as suas mulheres ficavam em terra a rezarem para que voltassem vivos e inteiros para casa.
Tocava na areia com a ponta dos dedos e de repente vem uma onda tão forte que me molhou toda. Estava fria, mas como tinha o pensamento longe, não me importei. Tirei a roupa e fui até dentro de água. O primeiro e último mergulho daquele momento limpou-me toda a areia que tinha ficado no meu corpo. A água salgada tinha tido a curiosidade de me ter conseguido acalmar interiormente. A minha vida para trás de tudo tinha-me deixado feridas. Feridas essas que só o tempo curaram. Mas infelizmente, nem todas.
Foi nesse momento que senti que tinha ficado colada àquele sítio, àquela praia e, especialmente àquela maré.
Inspirei fundo, levantei-me e fui sentar-me nas escadas. Tinha a certeza que nunca mais me iria ausentar de um lugar tão mágico e tão profundo.

6 Comments:

  1. André said...
    NAZAREEE !
    Claudia said...
    Quando estava a ler fez me lembrar as ondas do mar a baterem nas rochas , Adorei :DD
    Vanessa said...
    Obrigada pelo comentario :)
    Escreves tão bem *.*
    Teresa said...
    adoras o mar...
    Diogo said...
    ahah exagero? :p
    nada disso.
    Gostei de ler :)
    Teresa said...
    Conheco bem :D

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