teias de saudade

Estou caída no chão, perdida. Rodeada de recordações e memórias, coberta de teias de saudade e desilusão.

São fotografias, letras, rascunhos e desabafos. São verdades, torturas, um passado. Calmamente leio e observo tudo pegando-lhes com as minhas mãos consadas. Os nomes que assinam a autoria fazem-me voltar ao que já aconteceu. Nomes, no final o apelido...fazem-me pensar, recordar e, por vezes, ansiar por eles.
Os meus olhos mal vêm, molhados em lágrimas de sal e sofrimento. Devagar, olham para as cores desfocadas, limpando-as com um sopro rápido e pouco ruidoso.
Com o corpo e a mente submerso nas imagens e nas letras, sinto uma corrente de ar muito silenciosa e arrepiante tocarem-me os lábios. Sossegada, virei-me para trás e vi-o. Não sabia como tinha ele entrado, mas, também, não lhe perguntei.
Ele, deixou-se cair sobre os joelhos, e com as mãos cremes levantou-me o queixo. Com o impulso da força dele para cima, fui obrigada a levantar a cara. Vinha um brilho descomunal da face dele. Eram os olhos dele ! Mostravam-me um novo caminho e, sobretudo um brilho carinhoso, verdadeiro e forte.
Tirou-me o cabelo da cara e apanhou-o com um elástico azul atrás. Senti-me mais fresca e, especialmente, mais protegida.
Depois, afastou todas as recordações do meu colo para debaixo da cama. de seguida, levantou-se, puxou os estores para cima e abriu a janela. O ar que acabara de entrar junto as cortinados de riscas, entrou-me até aos pulmões fazendo-me sentir uma calma tão forte que não sentia à muito, muito tempo. depois, agarrou-me o braço e puxou-me para cima e, eu não ofereci qualquer resistência.
Após me levantar, deixei-me cair num abraço duradouro e necessitado. Ele, passou-me através daquele encosto de corpos, um sorriso grande e luzidio. Deu-me a mão e foi-me acompanhar sentando-me ao fundo da cama. Tirou do bolso das calças uma fotografia. Vi logo através dos gestos dele que a imagem me iria por mais feliz.
A fotografia era colorida e tratava-se de um momento nosso, dos tempos em que sorríamos juntos e que a confiança ainda era a base da nossa grande amizade. Senti saudades, mas agora, pelo bem e, de repente, tive uma enorme vontade de voltar ao passado e viver tudo de novo. Ele sorriu...e, disse-me:
- Velhos tempos...que, podem renascer de novo...
-O tempo pode não o aceitar.-respondi-lhe.
-Basta queremos...Tinhamos uma amizade tão forte...Era um exemplo, um exemplo !
-E voltaremos a tê-la!
Os olhos dele brilhavam mais do que nunca e os meus acompanhavam aquele cintilar.
-Obrigado por me fazeres recordar o que fez falta e...
Ele interrompeu-me.
-Não quero Obrigados, muito menos Perdão. Quero apenas prometer-te que nunca te deixarei cair nem nunca ficarás sozinha.
-Meu porto de abrigo.-disse-lhe orgulhosa.
-Sou o mais seguro e forte que fará com que nada de mal te possa acontecer.
Depois de tudo, levantámo-nos e saímos de casa. Fomos até ao parque verde, onde as flores coloridas e cheirosas, limpam e escondem a tristeza, através de pétalas e terra molhada.


Porto de abrigo...

7 Comments:

  1. André said...
    Amizade pura <3
    Filipe ' said...
    Eu tento ser sempre assim :D
    al said...
    obrigada pelo comentário, mas não escrevi nada de mais mesmo :)

    -Não quero Obrigados, muito menos Perdão. Quero apenas prometer-te que nunca te deixarei cair nem nunca ficarás sozinha. - eu já disse isto :')

    escreves bem Catarina. vou-te seguir *
    Teresa said...
    Gostei :)
    Expressas tão bem, sentes muito.
    Anónimo said...
    o que mais me deixa feliz no meio de tudo isto é que posso contar sempre contigo :D
    Anónimo said...
    O de cima é meu.
    Bruno.
    Diogo said...
    estou aqui !

Post a Comment